sexta-feira, 10 de julho de 2015

O teatro

Entrando na portaria, podia se ver no fim do saguão, a porta vidrada que levava à rampa, que conduzia ao outro prédio conjugado.

À direita, uma sala de escritório com guichê, à esquerda um balcão... do lado do escritório um corredor com duas salas por lado, as duas salas do fundo tinham janelas que davam no pátio do São José, ao lado do corredor uma escada conduzia à enfermaria, no vão, ao lado da escada, fora convertido em depósito, continuando o movimento anti-horário, se via um banheiro e ao lado, uma porta dupla enorme dava acesso ao salão.
Que era usado para encenar as peças dos alunos ou receber as peças de fora, as vezes era transformado em cinema, as cortinas eram substituídas por uma tela branca e pronto...das cadeiras de marfinite,( que se desmontavam) se podia assistir os filmes do Chaplin e uma vasta seleção de desenhos, mesmo aqueles filmes de massinha.
Me lembro do show do carismático Jair Rodrigues e do hilário Silvio Brito, a peça "Os saltimbancos" e várias apresentações de bailarinas.
Mas o que eu me lembro com uma nitidez assombrosa é do Tio Bill, era a banda de um homem só. Um mulato d'uns 30 a 40 anos e bem apessoado (segundo a opinião das moças), que tocava bumbo, prato violão, saxofone, caixa, gaita e lata. Apresentava-se com um paletó vermelho com o emblema da Coca Cola que patrocinava o show e dava os refrigerantes, brinquedos e gibis de super-heróis.
Todo ano, na última semana do ano, o Tio Bill dava o ar da sua graça, tocava, cantava e representava. Pra ir embora, tinha que desgrudar os meninos dele.